quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Desenvolvimento curricular e as Tic

O excerto analisado é da autoria de Antonio Monclús Estella, Catedrático de Didáctica e Organização Escolar da Universidade de Madrid, que foi retirado do seu livro “ A que chamamos Ensino, Escola, Currículo ”.

A análise realizada corresponde ao capítulo V “ Desenho (curricular) e Desenvolvimento do Currículo”.

Monclúis Estella começa no capítulo V da sua obra por mostrar a importância da Teoria Curricular como forma de conseguir projectar um desenho/plano curricular e o desenvolvimento do Currículo, fazendo a distinção entre ambos os campos.

Após uma abordagem a estes conceitos, o autor centra como tema principal deste capítulo a análise das dimensões do currículo. Este importante ponto subdivide-se depois em vários aspectos que explicitam então as dimensões do currículo: A função dos objectivos; O lugar dos conteúdos; As estratégias de aprendizagem e os recursos metodológicos; As perspectivas da Avaliação. Todos estes tópicos são depois subdivididos em vários pontos-chave, que mais à frente serão analisados e devidamente fundamentados com as ideias dos autores que deram um importante contributo a cada um destes temas.

Comecemos então por mostrar as ideias principais de Antonio Monclúis Estella em relação ao título do capítulo 5 da sua obra “ Desenho e Desenvolvimento do Currículo ”.

Segundo o autor, a teoria curricular mostra directa ou indirectamente o que entendemos por ensino, e qual a sua verdadeira dimensão e consistência, bem como o que caracteriza verdadeiramente o mundo escolar.

Quando falamos de Teoria Curricular não a devemos desassociar ao campo do desenho/plano e desenvolvimento curricular (prática), pois ambos estão inter-ligados e um não pode ser efectuado na sua total plenitude sem a existência do outro

O autor cita então Zabalza que diz mesmo na análise de uma obra que “ O currículo é um plano, mas também a sua realização ”. Seguindo esta linha de pensamentos podemos encontrar vantagens na conexão entre estes níveis curriculares: evita uma concepção hierarquizada dos profissionais implicados no processo curricular; evita um corte entre a teoria e a prática, entre a fundamentação e o desenvolvimento operativo do currículo; permite uma concepção sistemática da realidade escolar.

Kleim (1985) fundamenta esta ideia uma vez que para ele o desenvolvimento técnico do desenho curricular permite a conjugação do modo curricular assumido e as decisões tomadas em torno de cada um dos segmentos curriculares. O modelo deste autor apresenta três eixos curriculares: currículo centrado nas matérias, o currículo centrado nos sujeitos e o currículo centrado na sociedade.

Todavia, Zabalza, apesar de achar o modelo de Kleim demasiado simplista, reconhece a sua importância quando expressa e explicita a necessária conexão entre o modelo curricular que se utiliza como base teórica e as suas especificações técnicas nas diferentes dimensões que têm de ser com o modelo.

Monclús Estella defende que o tema do plano curricular e do seu desenvolvimento é um dos principais aspectos a analisar em todas as escolas e nas suas relações com as politicas das autoridades respectivas a diferentes níveis relacionados com elas. As citações de Taylor reforçam a ideia fundamental do autor: “ (…) É necessário ir mais além e afirmar que o papel chave, no que se refere ao estabelecimento de princípios e à prática detalhada, corresponde acertadamente aos professores ”, ou seja, o desenvolvimento curricular em cada escola deve ter como intervenientes os professores.

Taylor aposta assim num currículo em educação constante de forma a posteriormente ser implementada uma mudança em relação a este assunto.

No desenho e desenvolvimento curricular há que ter em conta que intervém a diferentes níveis várias circunstâncias que vão mais além do professor e do planificador oficial de um curso e da programação de um centro escolar. Quando se expõe o plano curricular e o seu desenvolvimento, há que superar várias barreiras e segrega-lo num contexto cultural, psicológico, social…, que interage com o próprio contexto educativo. No entanto, a mudança anteriormente proposta por Taylor pode ser de certa forma dificultada pois, como expõe Marsh, é ainda visível por parte da sociedade uma difícil aceitação do desenvolvimento curricular adoptado para cada escola.

O autor do texto expõe a ideia das amplas conotações atribuídas ao termo “ desenvolvimento do currículo ” que foram usados para descobrir os diferentes processos de planificação do currículo, desenho e produção, associados com a realização de um conjunto particular de materiais. Vários autores consideram que existem inúmeras formas de se ver o processo do desenvolvimento do currículo. No entanto, existe um modelo de desenvolvimento curricular que abrange os pontos principais de autores como Taylor, Taba, Nicholls, Wheeler, Print; Walker e Skilback, onde são identificados os seguintes aspectos: o currículo prepara os procedimentos na fase organizacional; temos a existência de uma focalização cíclica na fase de desenvolvimento; é dada uma implementação e supervisão do currículo na fase de aplicação.

Em forma de síntese, o Catedrático de Didáctica e Organização Escolar da Universidade de Madrid usa a ideia de Print que nos diz que o desenho curricular pode ser definido como a disposição dos elementos de um currículo (intenção, conteúdo, experiências e estratégias de aprendizagem e avaliação). Desta forma a planificação curricular é aquele processo onde os planificadores do currículo conceptualizam e organizam as características do currículo que se quer construir.

Assim sendo, pareçe que a integração das Tic no curriculo terá necessariamente de mudar o paradigma de ferramenta da aprendizagem, motivadora de aprendizagens e, começar a ser entendida, percepcionada à luz da conceptualização e organização curricular.

1 comentário:

  1. Depois de ler o seu texto: afinal o que é a integração curricular das TIC?
    É um processo complexo, tudo aponta para isso, os testemunhos dados por professores e os resultados de investigação na temática.
    As TIC podem ser usadas como ferramentas de apoio e extensão às práticas correntes (aquilo a que chamarei as "TIC ao serviço do currículo")mas também como vectores de mudança, possibilitando práticas centradas no aluno, colocando a ênfase na comunicação, colaboração, pesquisa, a que chamarei as "TIC como veículos para a mudança".

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